segunda-feira, 21 de março de 2011

O ILIMITADO (De todas as cores) P/ Caio Fernando Abreu



Algum tempo atrás eu disse em um tweet que daria 1 verão, primavera, e outono para passar 1 inverno com papel, caneta e a capacidade de sentir e escrever do Caio Fernando Abreu... Isso foi em um tempo onde eu só havia tido acesso a alguns fragmentos do seu universo...
Hoje, mergulhada em seu “Limite branco” (e em sua sensibilidade sem limite algum),
Enxergo que oferecer míseras estações de uma vida, para verter palavras de uma profundidade que só pode ser milenar – Como são as do Caio – é muito pouco.. Foi um comentário infeliz... Tanto que eu talvez não tenha merecimento para me arriscar nesse post... Não tão cedo...
Não antes de entender com todos os poros (e não só com esse entendimento cognitivo com o qual estamos acostumados) o que “vivia” em C.F.A...
A única coisa que me faz ignorar o quanto é cedo para escrever sobre ele é a necessidade de ir cada vez mais de encontro as suas palavras, seu mundo... E este é tão denso que não consigo vivê-lo sem compartilhar alguma coisa dele...
São tantas verdades (e por vezes elas pesam)
Tantas certezas (e um sem fim de questionamentos q elas trazem)
Mais ainda, são tantas dúvidas (que por vezes trazem respostas assustadoras)...
É TANTA CARNE...
CARNE VIVA...
TANTA ALMA... MAIS VIVA AINDA...
TANTO SANGUE NAS VEIAS... VIVO!
Mesmo quando ele caminha perto e fala sobre MORTE... (Muito menos uma morte física.. Uma outra não tão “simples” de ser definida)

Sinto sede ao beber da fonte do Caio e se me sacio, sinto uma imediata compulsão por me esvaziar de novo – dividindo as palavras dele – e redescobrir a sede de buscá-lo.
Estou lendo o meu primeiro livro dele... O seu primeiro livro... E me pego pensando como será quando chegar ao ultimo.. Quando já tiver lido TUDO (mesmo sem compreender NUNCA por completo) que existe... Que vazio me trará esta “saciedade”?!
Meu medo, quase um assombro, não é a sede, mas a falta dela!
Quem quer de fato sentir-se completamente saciado? Completo de algo? Isto é uma espécie de “morte”.


Enfim... Vim aqui  despejar algumas primeiras e imprecisas impressões, confusões, conclusões, em mim despertadas pelas palavras do Caio, mas ainda não me sinto nem um pouco pronta para escrever algo consistente sobre o mesmo.
Posso apenas dizer que talvez não desse mais 3 estações para estar do lado de dentro do universo do CFA e com um pouco da sua habilidade de descrever isso..
Talvez eu desse uma existência inteira! Sem Medo!

Que alguns fragmentos consigam despertar em vocês a sede de uma obra inteira (e boa corrida até a fonte do Caio!):
“Somos todos imortais. Teoricamente imortais, claro. Hipocritamente imortais. Porque nunca consideramos a morte como uma possibilidade cotidiana, feito perder a hora no trabalho ou cortar-se fazendo a barba, por exemplo. Na nossa cabeça, a morte não acontece como pode acontecer de eu discar um número telefônico e, ao invés de alguém atender, dar sinal de ocupado. A morte, fantasticamente, deveria ser precedida de certo ‘clima’, certa ‘preparação’. Certa ‘grandeza’. Deve ser por isso que fico (ficamos todos, acho) tão abalado quando, sem nenhuma preparação, ela acontece de repente. E então o espanto e o desamparo, a incompreensão também, invadem a suposta ordem inabalável do arrumado (e por isso mesmo ‘eterno’) cotidiano. A morte de alguém conhecido e/ou amado estupra essa precária arrumação, essa falsa eternidade. A morte e o amor. Porque o amor, como a morte, também existe – e da mesma forma, dissimulada. Por trás, inaparente. Mas tão poderoso que, da mesma forma que a morte – pois o amor também é uma espécie de morte (a morte da solidão, a morte do ego trancado, indivisível, furiosa e egoisticamente incomunicável) – nos desarma. O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade.”
“E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos q se sucedem e deixam sempre sede no fim.” Caio Fernando Abreu.

Este "fim" não termina nada a ser dito sobre o C.F.A. mas talvez inicie algo futuro!

Minhas palavras, inundadas do sentimento de entrega que sinto ao adentrar o universo do C.F.A.:

No PROFUNDO do meu rio , no VAZIO de idéias CHEIAS de sentimento...
O rio é de SANGUE latente, as idéias de VIDA...
No lugar mais FUNDO um chão de fibras... Um coração? Um músculo?
Apenas uma interrogação!
E algumas exclamações sem fim de tantos momentos vividos..
De tantas vidas entregues
De tantas entregas INTEIRAS... Que muito mais me somaram, que tiraram algo de mim...
No PROFUNDO do meu rio de SANGUE VIVO, tristezas e também muitas ALEGRIAS exclamáveis porem indescritíveis!
Disso tudo, uma ESCOLHA.. Ser sempre INTEIRA! Por mais que DOA!

Preciso agradecer a alguém em especial por esse post.. Obrigada, Ana! ;)

2 comentários:

  1. C.F.A é uma grata surpresa pra mim. Eu que não conheço nada de sua literatura, muito me impressionou trechos dele escritos no twitter, e; muito me empolga uma leitura (+ completa e intensa) quando me deparo com comentários assim tão sensíveis e intensos sobre suas obras.

    Outro dia pesquisando e lendo comentários nos diversos blogs sobre ele, pude perceber o quanto ele desperta sentimentos variados nas pessoas, quase unânime. Suas palavras encantam, mexem com a gente... ele diz coisas que a gente queria dizer...às vezes assusta...tamanha força e sutileza. Eu me sinto atraída pela "maneira" como escreve. Acho que alguém vai ter que me emprestar o livro...hehehe

    ...

    Muito boas essas "primeiras e imprecisas impressões", compartilhe conosco sempre, suas palavras tb despertam na gente muitos sentimentos e reflexões. =) Eu que tenho que agradecer! ;)

    Escreva mais, escreva sempre...

    Sem mais... *-*

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  2. Não, Ana.. Me permita e aceite o agradecimento por ter colaborado diretamente p que eu me jogasse ainda mais fundo no universo do Caio... MESMO! Foi um presente muito especial.. Assim como seus comentarios e presença aqui (e na vida)...
    Aqueles que de alguma forma nos ajudam a entrar em contato com nosso lado mais profundo e sensivel (que o Caio vivia como poucos) merecem nosso carinho e agradecimento.. e vc fez isso com o "limite branco".
    Sem mais mesmo! ;)

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